sábado, 13 de novembro de 2010

Teatro Empresarial, a arte e a coragem de ser clichê.

(Little Beth e Mary Smith, ou melhor: Dengosa Chimbinha e Lady Caipira)


Desde quando decidi morar em São Paulo resolvi assumir a proposta de viver de teatro, mais uma tarefa nada fácil, ainda mais para uma nordestina recém chegada na terra saturada de imigrantes que sofrem dos preconceitos entranhados desde hábitos diários a comportamento xenófobos humilhantes. Meus Deus como dói...e cansa! Não entendo como o egoísmo, competição, julgamento e comparação podem chegar a tal ponto, mas não vim aqui pra falar sobre isso, pois não me considero dentro de nenhum grupo sócio-regional a tal ponto de me achar pior ou melhor do que ninguém, pois como diz minha amiga Miti, só somos melhores em nós mesmos...e tenho dito!

Mas sou uma pessoa de sorte, encontrei por aqui pessoas muito generosas, colegas maravilhosos com quem trabalhei.



Então, antes de conseguir viver de teatro (não sei como) porque ainda faço outras coisas, mas estou cada vez menos fazendo outras coisas pra ser somente atriz! E assistindo o seriado Clandestinos com a personagem nordestina que sai de Pernambuco e vai para o Rio também em busca de seus sonhos, me lembrei que minha saga não está sendo diferente. Aliás, esse gerúndio insuportável é coisa daqui de SP, tudo é assim: estarei ligando, estarei fazendo...caramba porque não ser mais simples e limpo: Ligarei, farei, serei. Então, lembrei que minha saga não está diferente!


Já trampei na noite, já fui assistente da assistente da assistente, já dobrei embalagens, já entreguei panfletos como atriz (?), produzi, toquei, dancei, já fiquei na catraca (não vou explicar)...e agora faço teatro empresarial. Um puta exercício de improvisação, desprendimento, desapego, desinibição e desvaidade (acabei de criar). Antes de tudo, a função do teatro empresarial é a formação de público e consciência. Isso é o que mais me orgulha. Levar teatro a quem nunca foi ver uma peça se quer.



Considerado pela maioria da classe artística como teatro inferior, o teatro empresarial tem muitas vantagens. A gente estuda tanto, investe tanto em nossa carreira, sonhamos em fazer cinema, televisão, turnês mundo afora com uma boa Cia, cachês gordos em campanhas publicitárias...mas meu Deus, como entrar nessa panela sem se queimar? Aí eu respondo: treinando e estudando muito! OK, mas os cursos são tão caros...e agora? Então vá fazer teatro empresarial. Poucos ensaios, pouco tempo para memorizar os textos, apresentações em lugares de péssimas condições de acústica somados ao som de máquinas industrias, então...o que você quer mais?

POis é, continuo nesse caminho, sem negar as oportunidades e usando tudo a meu favor. Aceitando a vida como ela é, sem sofrimento, sem desespero, sem ficar reclamando, lamentando, justificando.

Faço Teatro Empresarial com MUITO ORGULHO sim sinhÔ!
Vamos ser clichê, vamos ser brega, mas vamos viver o que tem pra viver.

Esse foi o ano do quase. FOdA! Coisa estranha, como uma pessoa com a capacidade que tenho não conseguir emplacar em tantas oportunidades que me foram dadas...foi um triz, escorregou entre os dedos, bateu na trave...ah mas eu sei, eu sei porque, e sei mais ainda que não vai ficar assim, quem tem como me pagar não me deve nada!

Eu vou chegar lá, vou voar alto, dar um salto quando você menos esperar estarei mais longe ainda, até que pra me ver terá que se lembrar que um dia passei por você e não me deu valor ou então por egoísmo não me deixou subir.

E a roda do mundo vai girar ao meu favor, e como uma boa serpente sinuosa caminho pacientemente para minha vez de brilhar!