quinta-feira, 4 de março de 2010

Masturbação na encenação

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Em uma conversa com um amigo sobre teatro, e mais especificamente sobre a 'masturbação' no teatro, ou melhor o ato de se masturbar no palco como parte da encenação; esse amigo me informou sobre um espetáculo em que Fernanda Torres se masturbava não somente no palco, como também na frente da sua mãe, Fernanda Montenegro, com quem contracenava.

Impressionada com a proeza, destreza, força, coragem e atitude resolvi fazer uma google-pesquisa e achei algumas coisas sobre essa peça que foi dirigida por Gerald Thomas e viajou mundo à fora.

No vídeo, uma entrevista com a própria Fernanda onde ela relata essa experiência.

Aproveitem.

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The Flash and Crash Days




Dirigido por Gerald Thomas, marca a primeira parceria entre Fernanda Montenegro e Fernanda Torres, encarnando duas gerações que se enfrentam.

O espetáculo começa com uma gravação, na voz do diretor, em que o narrador descreve a mulher que ele vê de sua janela. Moradora do 86º andar do Empire State, um edifício sem portas, ela teria desaparecido em 1954, depois de pichar em um muro uma homenagem às vítimas de guerras, censura e processos políticos. Feito de muitas imagens e pequenos textos esparsos, o espetáculo enfoca duas figuras que lutam entre si, buscando se sobrepor uma à outra, que se agridem, dançam e trocam carinhos. Os outros dois atores, Luiz Damasceno e Ludoval Campos, atuam como lembranças da mulher, como fantasmas e sensações.

Misturando comicidade e grotesco, bufonaria e terror, o autor-diretor propõe a metáfora do jovem e do velho, do meio e do fim, para falar do eterno retorno. Ao mesmo tempo, faz um jogo de sentido com a mãe e a filha, ambas atrizes, para enfatizar a própria encenação e a idéia de que a representação deve ser jogo e não referência da realidade. O confronto, que mescla expressionismo e minimalismo, inclui a imagem de uma flecha atravessada no corpo de Fernanda Montenegro, lançamento de granada, bolo na cara, uma troca melancólica de pirulitos entre as duas mulheres, masturbação, a mão da morta que ganha vida e puxa um revólver.

Segundo o diretor, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o objetivo é ser ao mesmo tempo nojento e divertido.

O cenário de Daniela Thomas colabora para dimensionar o conflito para além dos limites da psicologia e da intimidade, representando uma cidade em miniatura. Como em outras encenações, a cenógrafa utiliza o efeito mágico que torna as paredes transparentes e ao mesmo tempo tela para o desenho da luz. A trilha sonora, assinada pelo diretor, mistura Philip Glass, Wagner, Gorecky e Billie Holliday, fazendo às vezes fusão entre composições antigas e efeitos de teclado.

O espetáculo impressiona não apenas pela encenação e pela atuação das duas atrizes, mas pela entrega e disposição de Fernanda Montenegro, que tem seqüências nada convencionais em que, por exemplo, se arrasta pelo chão e se contorce até se fechar em posição fetal. Em crítica para o jornal O Estado de S. Paulo, Mariângela Alves de Lima escreve: "The Flash and Crash Days depende muito do repertório histriônico de Fernanda Montenegro e Fernanda Torres, bastante variado em entonações vocais, caretas e clichês de gestos e movimentos. É preciso conhecer muito para parodiar e ironizar e, nesse e em outros sentidos, o espetáculo é feito sob medida para as duas atrizes. Ambas (...) leves, rápidas e inteligentes para captar o ânimo da platéia. Fazem tudo muito bem enquanto desafiam a sacralização por parte do público. Afinal, todos sabemos que estão em cena, degladiando-se, duas gerações do teatro brasileiro. E não como inocentes úteis".1

Depois da temporada brasileira, no Rio de Janeiro e em São Paulo, o espetáculo é apresentado em Nova York, Paris, Munique, Hamburgo, Lausanne. Volta à cena em 1993, no Rio de Janeiro, e em 1994 se apresenta, pela última vez, em São Paulo.

fonte:

http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_teatro/index.cfm?fuseaction=espetaculos_biografia&cd_verbete=4096



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