Gabriela Nery: Amargo que era doce

Quando alguém gritava: PRODUÇÃO! Eu ainda achava que era comigo. E aí começou a maratona de acordar as 4h da manhã e dormir as 23h estudando texto das cenas do dia seguinte. Éramos uma equipe de guerreiros. A partir daqui passei a ser Ingride, a grossa.

Continuamos as gravações do episódio seguinte: O Restaurante. Foi sempre muito divertido, os quatro Amargos já estavam mais unidos, fomos nos entendendo e entendendo o processo. Mais dois dias dentro de um restaurante...e eu rindo à toa, tentando entender como nasce uma personagem. Até porque não quis ler todos os roteiros antes de gravar, preferi ler um por vez, para não contaminar e não ficar ansiosa com aquela outra história que poderia ser mais interessante. É muito bom quando você gosta da história, dos diálogos por que acredita no que está fazendo.

Depois fomos gravar no Teatro. A história é sensacional, pena que não posso contar, mas quem assistir vai gostar. É um seriado para todas as idades, não podíamos nem falar palavrão! Negócio é sério! Me responde outra pergunta, você vai ao teatro? Vai quando? Porque? Como você escolhe a peça que vai assistir? Ou só vai quando os amigos levam. E você vai sem nem saber o título, do que se trata, o nome do diretor nem se fala. Mas basta alguém ficar nu...aí sim! Todo mundo vai! Só sei que Ingride não se deu muito bem no teatro não.

Acabaram as gravações diurnas e começaram as noturnas. Supermercado por exemplo. Só podia entrar depois que encerrasse o expediente. Os irritantes brilharam nesse episódio. Ângulos de câmera inusitados. E a história? O que fariam quatro amargos num supermercado? Compras é claro! Só que não.

O Salão de Beleza foi o episódio que a maquiagem caprichou, Ingride gostou do resultado. Taí outro episódio que me diverti muito. Cada enrascada que os amigos colocam a gente né? Interessante a forma com que as histórias foram construídas. Elas começam e terminam no mesmo episódio. Não é novelinha.

Fui encontrando minha forma de memorizar com uma tal de caneta mágica. Quando muda de uma cena pra outra, na maioria das vezes, demora tanto que podíamos usar o espaço de tempo de troca de luz e maquinária. É nesse tempo que podemos memorizar o que falta, ir no banheiro ou comer uma maçã.